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Chianti Classico: Como degustar e harmonizar

Qual é o primeiro prato que vem à cabeça para acompanhar uma boa garrafa de Chianti?


Provavelmente, na cabeça de um italiano é a "Bistecca alla fiorentina", prato tradicional da culinária Toscana. Trata-se de um corte de carne mais conhecido entre nós como T-Bone ou Porterhouse, grelhado na brasa de forma simples e tradicionalmente malpassado.


Mas as notas de frutas vermelhas e aquele típico toque balsâmico do Chianti também casam maravilhosamente com muitos outros pratos deliciosos, tanto da cozinha italiana quanto internacional.


Este vinho na verdade é a porta de entrada para muitos brasileiros no universo dos vinhos italianos. Você pode não entender nada de vinhos, mas provavelmente já ouviu falar ou leu este nome em uma Carta de Vinhos de um restaurante.


Chianti em italiano é pronunciado como "Qui-an-ti" ou "kee-an-tee".


Então vejamos como degustar o Chianti e quais são as combinações que realçam seu sabor e harmonia:


Características e aromas do Chianti

Uma taça de Chianti possui inconfundível cor vermelho rubi, liberta aromas florais e frutados nos quais é possível reconhecer cereja preta, ameixa, mirtilo, amora e violeta.


Nas versões envelhecidas em madeira há notas de especiarias como canela, baunilha, tabaco, cacau e toques de mentol e eucalipto.



O Chianti tem uma acidez marcada e taninos bastante vivos. O envelhecimento em madeira permite que as notas mais tânicas do Chianti sejam suavizadas e arredondadas, melhorando sua estrutura e deixando o vinho mais aveludado no paladar.


Tanino: substância encontrada em alimentos como uvas e chás, que pode deixar a boca com uma sensação seca e adstringente, como quando você come uma banana verde. No vinho, os taninos vêm das cascas das uvas e das sementes, e eles dão sabor e textura, ajudando também a envelhecer o vinho. Muitas pessoas o conhecem por aquela famosa expressão de quando o vinho pega na garganta: o tal do rascante.

O território de Chianti

Chianti é uma área montanhosa delimitada pelos arredores de Florença, pelos vales de Pesa e Elsa, pelas montanhas de Chianti e pela cidade de Siena. O território é um dos mais belos não só da Toscana e da Itália, como do mundo.


Percorrer a paisagem do Chianti é de tirar fôlego, é simplesmente fantástico.


A videira

A protagonista do Chianti é a Sangiovese. Esta uva, particularmente sensível, reflete o caráter do território e é fortemente influenciada pelo solo, clima e meio ambiente. Por isso o Chianti é um vinho complexo e o resultado entre os vários produtos pode ser profundamente diferente.

O "Chianti Classico" deve ser produzido com uvas produzidas da região delimitada, com um mínimo de 80% de Sangiovese. Outras uvas tintas são permitidas em uma quantidade total que pode chegar a no máximo 20%: Canaiolo, Colorino, Cabernet Sauvignon e Merlot.


⚠️ Pausa para uma observação: Deixaremos para um próximo post a definição e características de cada tipo de Chianti e sua deliciosa história. Sim, os detalhes são importantes e a gente ama cada um deles, mas para este momento vamos nos ater a parte mais simples para não confundir demais com nomes e denominações.


O que harmonizar com o Chianti

O vinho Chianti é um vinho decididamente versátil, que vai bem com muitos pratos. Certamente a serem degustados todos os da tradição toscana, como a clássica Bistecca alla Fiorentina, carnes grelhadas e assadas, salames, capocollo, prosciutto e queijos de média intensidade como o Pecorino Toscano DOP.


Chianti Jovem: Um vinho que sempre aprecio no dia a dia, nunca nos cansamos dele. É um coringa para diversas combinações. Seja com um Aperitivo, pratos de massa de molho de carne, queijos de maturação média e carnes vermelha e porco. E pode acompanhar tranquilamente um Risoto de Cogumelos e frango assado com ervas aromáticas. Acompanha também muitas receitas da gastronomia internacional, como a chinesa ou a japonesa e é perfeito em combinação com menus de cozinhas étnicas, com sabores quentes e picantes.


Chianti Classico Riserva: Mais estruturado e perfumado, acompanha bem um belo bife mal passado (o clássico Fiorentina), carnes vermelhas grelhadas e assados. Com um cordeiro funciona perfeitamente bem.


Chianti Classico Gran Selezione: acompanha bem pratos de caça, como polenta com molho de javali, carnes assadas e guisados ​​muito saborosos.


Combinando ideias com Chianti Classico

A plena harmonia entre os aromas florais sempre frescos e a acidez dos taninos fazem do Chianti um vinho perfeito também para harmonizações mais particulares, como almôndegas de frango ao curry, patê de fígado de galinha à toscana ou peixes gordurosos grelhados. Os peixes mais carnudos, como o atum, ou pratos à base de peixe mais gordurosos, como as natas de bacalhau, e um polvo a lagareiro acompanham muito bem a frescura e o corpo moderado de um jovem e delicado Chianti Classico.


Chianti com Aperitivo

O Chianti é um tinto ideal para acompanhar com bom gosto todos os compromissos e ocasiões, mesmo estando em casa. É o vinho que se pode propor para um aperitivo à base de charcutaria e queijos típicos, servido com torradas.


Chianti e Pecorino Toscano DOP, por exemplo, é uma combinação perfeita, que realça as propriedades e sabores de uma terra única como a Toscana.


Aqui na Itália, assim como em outros tradicionais países produtores de vinho na Europa, a harmonização por tradição e região é algo muito latente. Você vai encontrar antes de qualquer outro critério a combinação de pratos e vinhos da mesma região.


O Chianti, com as suas notas suaves e secas, acompanha bem o sabor salgado dos embutidos. A sua capacidade de limpeza do paladar faz desse vinho uma ótima combinação com esses sabores.


O Chianti consegue dar o equilíbrio certo a todos os molhos de tomate. Começando pelo clássico ragù, passando pelos nossos amados molhos romanos como amatriciana, coda alla vaccinara, até o simples tomate e manjericão. Pode apreciá-los servidos em apetitosas torradinhas com patê e molhos e bruschetta ou, simplesmente saboreá-lo com pão e azeite.


Como servir o Chianti

Uma garrafa de Chianti deve ser aberta pelo menos uma hora antes da degustação, isso é importante para deixar o vinho "respirar" e abrir, mas nada que alguns minutos na taça não ajude. No entanto, se for um Chianti com um período de envelhecimento mais longo, é melhor abrir a garrafa duas horas antes. Se você tiver um decanter, seria um momento para fazer bom uso dele.



A temperatura do Chianti

Para um vinho leve e jovem, opte por uma temperatura de 16-18 °C. Se, por outro lado, abrir um Chianti mais complexo e estruturado envelhecido em madeira, pode servi-lo a uma temperatura de 20 °C.


A taça certa

O Chianti Classico deve ser bebido em uma taça de tamanho médio-grande, com boca ligeiramente estreita que permite uma excelente difusão dos aromas, conseguindo realçar bem o bouquet do vinho.


Mas cá entre nós? Use a que você tem em casa sem medo de ser feliz!

E assim, enquanto as últimas luzes do sol pintam as videiras e os vales da pitoresca região da Toscana, somos lembrados de que o Chianti Classico é muito mais do que um vinho – é uma expressão vívida de um lugar, de uma história e do cuidado dedicado por gerações.


Cada taça desse vinho é uma jornada pelo tempo, um elo entre o passado e o presente. Ao degustar o Chianti Classico, não apenas saboreamos o fruto da terra, mas também nos tornamos parte dessa rede que é tecida por mãos apaixonadas e pela natureza generosa.


O Chianti Classico é a essência da Toscana engarrafada. Cada gole nos conta histórias de famílias que cuidam da terra com amor, de enólogos que buscam a perfeição e de um terroir que confere caráter e distinção. É um tributo ao tempo, à paciência e à arte de criar algo que transcende o comum.


Enquanto a taça se esvazia, ficamos com a promessa de futuras aventuras enogastronômicas, onde cada novo Chianti Classico será uma nova oportunidade de descoberta, uma nova página de uma história compartilhada.


Afinal, a vida é para ser celebrada, saboreada e compartilhada, brindando a tudo o que é autêntico, belo e eterno.


Tim-tim!

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